Canal de alívio reduziria as enchentes em Montenegro

AVALIAÇÃO É DE GEÓLOGO E ENGENHEIROS DE São leopoldo


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A construção de um canal (braço morto), visando reduzir o impacto das cheias do rio Caí, continua gerando muita discussão. E o debate se ampliou após a grande enchente do mês passado, quando grande parte de Montenegro e da região ficou inundada.

São Leopoldo
Na tarde da última quarta-feira, dia 3, uma comitiva montenegrina esteve em São Leopoldo. A presidente da Câmara, Isaura de Mattos, acompanhada do radialista José Alfredo Schmitz, mais o assessor do gabinete do vereador Ari Muller, Flávio Brochier e da assessora parlamentar Elisete Oliveira, participaram de reuniões com os engenheiros e geólogos responsáveis pelo projeto de contenção das cheias no rio dos Sinos. Os profissionais continuam trabalhando na manutenção do investimento, realizado com verbas Federais.
O Geólogo Antonio Carlos Geske e os engenheiros Ricardo Aoki e Paulo Giacomazzi, detalharam todo o processo, que iniciou em 1973.

Depois de muitas horas de diálogo, o especialista do governo Federal, Ricardo Aoki, destacou que a solução para os problemas de Montenegro seria a construção de um Canal de Alivio. Para Aoki, a construção de um canal de alivio é viável, precisando somente um projeto bem elaborado, que atenda a todas as exigências ambientais.

Ele explica que o canal não solucionaria por total a questão da enchente, mas teria resultado satisfatório nas cheias de nível baixo e médio, que são as mais comuns. Conforme ainda o especialista, em Montenegro seria uma obra de 800 metros, a qual já fez um primeiro esboço para discussão.

Convidado pela presidente Isaura para participar da reunião que será realizada na Câmara de Vereadores no próximo dia 17 de outubro, às 9 horas da manhã, no plenário do Legislativo, Aoki disse que vai fazer o possível para estar presente e poder contribuir com a discussão
O engenheiro Paulo Giacomazzi e o geólogo Antonio Carlos comemoram o trabalho realizado em São Leopoldo, que solucionou o problema das enchentes. Os técnicos destacaram também a possibilidade da busca de recursos no Governo Federal, junto ao Ministério da Integração, apontado como caminho para Montenegro.


ESTUDO
O secretário executivo do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Caí, Ricardo Litwinski Süffert, lembrou que a empresa Profill Engenharia e Ambiente apresentou um estudo sobre a questão das inundações no rio Caí, o qual está inserido no relatório temático relativo ao Diagnóstico de Disponibilidade Hídrica, dentro dos estudos do Plano da Bacia do Rio Caí. Cita que, em breve, a íntegra do relatório deverá estar disponível na página da internet do Comitê Caí (www.comitecai.com.br).

Em função da existência da proposta de construção de um canal em Montenegro, a equipe técnica da empresa Profill realizou uma avaliação da eficiência do canal. Através de uma simulação hidrodinâmica, aplicando modelos matemáticos e considerando duas situações - ausência do canal e existência do canal, a equipe técnica obteve um resultado que indica, para a enchente do ano 2000, que a existência do canal reduziria em 57 centímetros a cheia em Montenegro. Já para a de 1941, considerada uma das maiores da história, diminuiria em 58 centímetros. Portanto, o levantamento aponta para uma redução nas enchentes, que assim provocariam um impacto menor.

A conclusão do estudo da Profill é de que o canal é uma solução parcial. Embora diminua em algumas dezenas de centímetros o nível das cheias, nas enchentes maiores a cidade continuaria sendo inundada. Além do alto custo, é citado, ainda, o impacto ambiental, com relação a morfologia fluvial, qualidade de água e no ecossistema.

O relatório aponta que a remoção de famílias das áreas alagáveis, apesar de sofrer resistência da própria população, teria um custo menor que a construção do canal. O projeto do canal equivaleria à construção de 400 a duas mil casas populares de R$ 20 mil cada uma, cita o relatório. Outra sugestão é a previsão antecipada de cheias, através de estações fluviométricas e o monitoramento periódico dos rios e arroios.


Guilherme Baptista
FONTE: Fato Novo