Heitor Müller presidente da Fiergs


Heitor Müller será o novo presidente da Fiergs
Astor Schmitt retira candidatura e praticamente define a sucessão de Paulo Tigre no comando da entidade

Por Andreas Müller
A partir de maio, o empresário Heitor Müller deverá se tornar o novo presidente da Federação de Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). A definição se encaminhou na tarde desta segunda-feira, quando Astor Schmitt, vice-presidente da entidade, decidiu desistir do pleito em nome de um “projeto maior”.

Heitor Müller foi um dos fundadores da Frangosul. Saiu da empresa depois da venda para a Doux e ajudou a criar outras duas companhias: a Agrogen e a Novagro – ambas em Montenegro, sua cidade de origem. Hoje, é vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Rio Grande do Sul (Sipargs). Desde o início do processo eleitoral, Müller é dado como um possível sucessor de Paulo Tigre na presidência da Fiergs. Com a desistência de Schmitt, ele deverá ser aclamado presidente no próximo dia 17 de maio, quando se realizam as eleições da entidade.
O processo, no entanto, não foi dos mais tranquilos. Diretor corporativo e de relações com investidores do Grupo Randon, Schmitt vinha trabalhando forte na construção de sua candidatura, contando principalmente com o apoio de empresários da Serra Gaúcha. Nesta segunda-feira, ao anunciar que desistiria da disputa, Schmitt leu uma nota (veja abaixo) com duras críticas à direção atual da Fiergs. Segundo ele, o processo eleitoral expôs a Fiergs ao “risco iminente de divisão entre os Industriais e os Sindicatos”. Isso porque, na visão dele, houve uma quebra do discurso público de “neutralidade e conciliação por parte da liderança maior da Casa, que conduziu o processo para um caminho pouco transparente, desigual, desleal, obscuro e polarizado”.

Alvo da crítica, Paulo Tigre também emitiu um comunicado no final da tarde, alegando que “o processo eleitoral [da Fiergs] sempre foi democrático, claro e transparente” e que, “por ser assim, possibilitou o lançamento da pré-candidatura de Astor Schmitt”. Na visão de Tigre, se o processo eleitoral fosse “fechado, obscuro, não democrático, certamente não haveria pré-candidaturas [como a de Schmitt]”.
Confira, abaixo, o comunicado lido por Astor Schmitt na tarde desta segunda-feira, em Caxias do Sul, e o emitido por Paulo Tigre logo depois:

EM NOME DE UM PROJETO MAIOR

Por Astor Schmitt
Há um ano e meio, por disposição pessoal e em nome de uma aspiração regional, decidimos sondar a receptividade que teríamos para concorrer à Presidência da FIERGS/CIERGS. Com o conhecimento prévio do atual Presidente, percorremos o Estado, nos deparamos com diferentes realidades, ampliamos nossa visão da indústria gaúcha e, mais do que um nome e uma aspiração regional, chegamos a um projeto e uma proposta de ação para o Sistema (em anexo). Esta proposta surgiu do diálogo com as bases empresariais que, ousamos dizer, pela primeira vez foram consultadas com esta amplitude.

Tal projeto de gestão, que propõe ações objetivas voltadas ao desenvolvimento harmônico e sustentado do Estado, contempla as principais áreas de atividade, as diferentes regiões gaúchas e todos os portes de empresas, especialmente as micro e pequenas, que gravitam ao redor das maiores e que, um dia, também serão grandes.


Como fruto de uma equilibrada e ampla articulação com quem produz e gera empregos, conquistamos uma enorme receptividade ao nosso projeto. Colhemos apoio e incentivo de um grupo diversificado de companheiros, que esteve aberto a nos receber nesta jornada, desde o primeiro momento em que a presidência do Sistema FIERGS/CIERGS se tornou um projeto a ser construído com base em parcerias fortes e verdadeiras.


O Sistema FIERGS/CIERGS, entretanto, foi exposto ao risco iminente de divisão entre os Industriais e os Sindicatos, dada a sinalização clara de quebra do discurso público de neutralidade e conciliação por parte da liderança maior da Casa e que conduziu o processo para um caminho pouco transparente, desigual, desleal, obscuro e polarizado.


Embora o apoio construído, sentimo-nos na obrigação de nos abstermos deste processo eleitoral, em respeito à unidade da classe industrial gaúcha, nominadamente dos Sindicatos e Empresários por ela representados. Mais do que um nome, uma região que responde por parcela importante da produção industrial gaúcha, um polo de desenvolvimento que engrandece as estatísticas estaduais dentro do contexto brasileiro se considera vetado.


Arriscamo-nos a dizer, com convicção, que mais do que um nome e mais do que uma região, o veto oficial foi dado também a um projeto de gestão plural, renovadora e de posicionamento da mais importante entidade industrial gaúcha e que está entre as maiores do Brasil.


Abstemo-nos deste processo juntamente com os colegas que se engajaram nesta caminhada, porque não queremos ser protagonistas de uma possível cisão do Sistema FIERGS/CIERGS. Mesmo assim, não estamos desistindo de um projeto que construímos a muitas mãos para a Entidade e, acima de tudo, para contribuirmos com o desenvolvimento do nosso Rio Grande do Sul, que perde espaço no cenário nacional, da mesma forma que a indústria gaúcha se enfraquece frente ao PIB do Estado. Três anos passam rápido demais para quem tem projetos e legítima aspiração regional.
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Aos companheiros que estiveram conosco durante todo o período de busca de conhecimento e de apoio, fica o profundo agradecimento pela honra da convivência produtiva e da confiança depositada. Fica também o registro de que, nem sempre, vencer significa participar diretamente de uma disputa eleitoral. A vitória também está no que se construiu. E nós construímos uma proposta de gestão a ser continuadamente aperfeiçoada, para aplicação num futuro bem próximo, além de abrir o debate sucessório para um processo de escolha transparente e democrática, em sintonia com os novos tempos.


À Entidade e aos Companheiros com os quais convivemos ao longo de duas décadas de atuação associativista, nosso sentimento de amizade e do dever cumprido, na certeza de que a FIERGS/CIERGS, com sua longa e invejável história, está acima das atitudes que ora vivenciamos e de um pontual processo eleitoral. Este é apenas um recuo estratégico, em nome da unidade da Entidade de Classe em que militamos há tanto tempo.


Contemplada esta etapa, eu, particularmente, permaneço em minha atividade executiva e empresarial junto às nossas empresas, de reconhecida relevância no cenário regional gaúcho e global, sem deixar de contribuir para o debate de ideias e o aperfeiçoamento da instituição que integramos, embora abdiquemos de qualquer cargo.


A todos, o meu agradecimento pelo tanto de experiência e aprendizado que estou acumulando.


Muito obrigado e até logo.


Astor Milton Schmitt
Diretor corporativo e de relações com investidores das Empresas Randon
Vice-Presidente da FIERGS/CIERGS

ELEIÇÕES FIERGS
O presidente do Sistema FIERGS/CIERGS, Paulo Tigre, se posicionou sobre a decisão anunciada, hoje, em Caxias do Sul, pelo pré-candidato à presidência da entidade Astor Schmitt, de não participar da próxima eleição da FIERGS, que ocorre no dia 17 de maio de 2011:

* A decisão do vice-presidente Astor Schmitt não altera a posição sucessória já consolidada pelo vice-presidente Heitor José Müller. A decisão ocorreu apenas três dias antes do término do prazo estatutário para o registro de chapas, que termina dia 17. Assim, nada fica alterado.

* A candidatura de Heitor Müller não foi uma aspiração pessoal dele, mas surgiu de uma aspiração coletiva, de um grupo de Sindicatos. Tanto é que o seu nome foi indicado depois de Astor já se colocar como pré-candidato.

* O processo eleitoral sempre foi democrático, claro e transparente. Por ser assim, possibilitou o lançamento da pré-candidatura de Astor Schmitt, como ele próprio reconhece, fruto da aspiração pessoal e regional. Se fosse um processo fechado, obscuro, não democrático, certamente não haveria pré-candidaturas. Astor Schmitt foi o primeiro a se apresentar.

* O Sistema FIERGS / CIERGS não corria risco de cisão. A união dos industriais e a unidade do trabalho desenvolvido pelas entidades se expressa no reconhecimento da sua importância em âmbito nacional. E isto nunca esteve sob ameaça. Quem conhece bem o Sistema FIERGS / CIERGS sabe que não há como pensar em cisão.

* Ficou comprovada a lucidez e o bom senso dos Sindicatos e industriais do Rio Grande do Sul que sempre repeliram projetos pontuais e específicos, e sempre apoiaram a condução abrangente e plural da representatividade do setor industrial estabelecido em todo o  Estado.

* O Sistema FIERGS / CIERGS seguirá a trajetória de ampla interlocução e diálogo positivo com os Poderes Constituídos e com as entidades representativas , em nome do desenvolvimento do Rio Grande do Sul, através do fortalecimento e expansão do setor industrial de todas as regiões do Estado e de todos os portes das empresas. Tecnologia, Inovação, Nova Economia, infraestrutura e logística, educação e qualificação profissionais são pontos trabalhados com muita intensidade na atual gestão.
FONTE: www.amanha.com.br