O GOOGLE E O FACEBOOK BRASILEIRO



A Web brasileira faz seu baile de debutante com o desafio de também dançar a valsa entre os países emergentes encantando e seduzindo o capital de risco.
Ao celebrar seus 15 anos, nossa jovem indústria pontocom volta a ter um cenário absolutamente propício para garantir um futuro de destaque entre as grandes potências mundiais na geração de negócios alicerçados em bits e bytes.
O estouro da bolha deixou lições que, espero, foram aprendidas pelos que preferiram apostar em uma prova de 100 metros rasos a se preparar para uma longa, mas recompensadora maratona.
O dinheiro que escorreu pelas mãos dos que sonharam com uma nova economia na qual as regras básicas do capitalismo foram simplesmente desprezadas, pode agora jorrar para aqueles que, atentos às oportunidades, saibam desenvolver projetos com retornos claros de investimentos.

Os nossos grandes pioneiros digitais

Mas, para atravessar a adolescência, amadurecer e ingressar saudável na vida adulta, a Internet brasileira precisará não só avaliar os erros de sua infância, mas preparar uma nova leva de jovens empreendedores que possam seguir os passos de desbravadores corajosos, como foram Romero Rodrigues, Jack London, Gustavo Viberti, Alexandre Canatella, Marcelo Lacerda, Paulo Humberg, Aleksandar Mandic e tantos outros que tive o privilégio de acompanhar quando nossa Web ainda usava fraldas (perdão, mas não há espaço para citar todos).
A boa notícia é que os jovens brasileiros já estão empreendendo mais. Uma pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostra que 15% do jovens entre 18 e 24 anos empreendem, o que representa um universo de cerca de 3,8 milhões de jovens empreendedores.
Se considerarmos a totalidade dos empreendedores nacionais, 25% são jovens, posicionando o jovem brasileiro no terceiro lugar no ranking mundial, perdendo apenas para o Irã (29%) e a Jamaica (28%). Mais ainda: 68% destes jovens empreendem por oportunidade e 32% por necessidade, o que mostra uma maior qualificação nas empresas nascentes.
O GEM aponta ainda que é justamente nos jovens que devemos depositar nossas esperanças (e capital). Entre os países pesquisados registramos um dos menores índices de empreendedores de meia idade, entre 55 e 64 anos, com apenas 3%, alcançando uma magra 40a posição entre as 43 nações analisadas.

Perspectivas para o empreendedorismo

E na Internet, para onde caminha nosso empreendedorismo? Há espaço para o surgimento de empresas capazes de conquistar o mundo? Qual será o Google ou o Facebook brasileiro? Esta é a mais dura das questões para a qual ainda carecemos de uma resposta mais contundente.
Temos a vantagem de poder copiar modelos de negócios americanos e trazê-los para o Brasil, onde nossa vocação para abraçar novas tecnologias abre enormes oportunidades para quem está atento ao que surge nos laboratórios das universidades americanas. Porém, nosso destino será sempre o de copiar ao invés de gerar inovação? Nossas universidades ainda não conseguem estimular o surgimento de novos empreendedores com projetos realmente inovadores?
Este é um entrave que ainda precisa ser superado. Com raras exceções, nossas universidades ainda preparam os futuros profissionais para que tenham carreiras sólidas em grandes empresas, estimulando ainda muito pouco o espírito empreendedor, a saber lidar com riscos, a liderar pessoas, a buscar capital nos fundos de private equity e sonhar com um IPO. A família brasileira também carrega e propaga uma cultura na qual impera a subserviência ao patrão.
Agora, os velhos conflitos familiares estão sendo travados justamente por conta de como a chamada Geração Y enxerga seu futuro. Muito já tem sido teorizado sobre o perfil destes novos profissionais. Sabemos que reúnem todos os elementos para que surja uma nova geração de empreendedores, que, evidentemente, têm e terão na revolução digital sua maior conexão e busca por desafios motivadores.

Do fax ao iPad

Assistimos o surgimento do e-mail, dos grandes portais, dos buscadores, dos comunicadores instantâneos, do SMS, do comércio eletrônico e das mídias sociais. Testemunhamos a invenção do fax, do PC, do smartphone, do GPS, do iPad. Estamos acompanhando a explosão das compras coletivas, dos clubes de compras, de aplicativos de geolocalização, de ferramentas de marketing comportamental e de mobilidade.
Nem mesmo os mais céticos conseguem duvidar de que muito, mas muito mesmo ainda está por vir no campo da tecnologia, das transformações sociais advindas da nova realidade virtual, do que nem sequer ainda vislumbramos com o avanço da robótica. As oportunidades estão aí e o capital também. Só nos resta decidir: seremos realmente inovadores ou continuaremos sendo a banda cover da Web?
FONTE: uol.com.br